terça-feira, 12 de maio de 2015

A geração de 45

 
A Alceu de Amoroso Lima(Tritão de Ataíde) é devida a classificação da poesia brasileira posterior à Semana de Arte Moderna em três momentos:a) o modernismo (1922-29), o pós modernismo (1930-44) e o neomodernismo (1945-...).
  Em Junho de 1947, Amoroso Lima publicou numa revista do Rio um artigo em que assinalava a morte do modernismo em 1945 e a presença de um novo movimento a que denominava, o título provisório, neomodernismo, e que se opunha ao anterior.Meio ano antes Sérgio Milliet já assinalara, em artigo de jornal, a aparição de poetas de uma nova corrente, que tentavam voltar "ao equilibrio das contruções que resistem ao tempo", esclarecendo, todavia, que não se trata da volta "às florituras parnasianas".
  Em Maio de 1947 voltava Sérgio Milliet ao assunto dizendo que esse pequeno grupo de poetas assumira abertamente a ofensiva e se lançara à realização de uma poesia feita de nobreza, sobriedade e decantação voluntária.E atribuía a tais poetas a valorização das palavras, a criação de novas imagens, a revisão dos ritmos e a busca de novas soluções formais.
  A Péricles Eugênio da Silva Ramos coube debater, no numero inicial da Revista Brasileira de Poesia (dezembro de 1947), em artigo que foi recebido como autentico manifesto da nova geração, as observações de Alceu Amoroso Lima e Sérgio Milliet.Nesse artigo, o diretor da RBP defendeu a filiação do neomodernismo às ideias expostas, nos últimos anos de vida, por Mário de Andrade.Péricles Eugênio acusava o modernismo de se ter revelado, sob o aspecto formal, uma "aventura sem disciplina", e, sob o aspecto essencial, de não ter sabido alijar o prosaico e o excrescente,o que levava aos novos à necessidade de procurar uma essência poética que, "se não existe isoladamente, pode encontrar-se na elevação do vulgar era, segundo o articulista, a razão de ser , simultaneamente, dos carácteres de trabalho e de universalidade que espelhavam nos poetas da nova corrente.Concluindo, afirmava o articulista que o neomodernismo não era nem poderia ser uma negação do modernismo; era, ao contrario, sua evolução.
  No Congresso Paulista do Poesia, reunido em São Paulo, em abril e Maio de 1948, estabeleceu-se o debate direto entre os modernistas e neomodernistas, ao ser discutido a tese de Domingos Carvalho da Silva ("Há uma nova Poesia no Brasil"), na qual se confirmava como marco inicial da nova fase o ano de 1945 e se recomendava aos poetas jovens uma posição sem transigência com o passadismo e sem compromisso com a Semana de Arte Moderna.O autor da tese mencionada lançava a expressão "Geração de 45", que serviria para designar, dali por diante, os poetas da fase inicial do neomodernismo.
  Adotavam esses poetas qualquer tipo de verso ou de estrofe, procurando renovar a expressão e não a forma exterior do poema e, ao regionalismo de 22, opunham o universalismo temático; e à linguagem descuidada e prosaica dos modernistas históricos, opunham o senso de medida e uma linguagem literária coerente à poesia como arte.

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